1. |
Florescência
04:12
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Acorde a vaga essência dos signos;
seja ao menos, ao menos outra vez
peixe-pássaro nas nascentes -
siga o aguará pela planície -
semeie a vida por mais um milênio
Para o lar das serras há caminho,
há cura entre arroios e jatobás;
não se esconda à vista das luas,
persiga seu rastro até a aurora
Reverdecer então será
vir a ser
florescência
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2. |
À Sombridão
05:24
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Ausência raiana
para selva adorada,
mansa queima d'alvorada;
ardidos nós, breves sóis
e morre céu, morro, mato
Devorador
arrebol celeste assaz
ao revés solto vieste
ó peregrino incendiário;
oceano voador
da cor se verte
em fel de amor
Fundo acima
o mar que leve encima
as dores ventadas
perto a te encontrar
lá fora desveladas
regressarão nossas
que vão-se além
nobres dacordadas
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3. |
Baféu Vara Fronteiras
03:46
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A fera nua da fronteira
sonâmbula ciganeia
de mato a morro agreste
nas quimeras mais além
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4. |
Jequitibá-eté
06:40
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Não mais vagar em busca
e sim me ser contato
finito ser que pulsa
aos pés da árvore musa
rogando à seu arco
sangue feral primata
Calor guia minhas flechas
até pontas afundar
em olhos de meus primos
a lendária sanha dos baféus,
trago das cafuas daquimérias
sua seiva ossanomã
Vento empurra meus dardos
encharcados peçonhentos,
os explode as veias todas,
então banha-me abismo solar
de sangue feral primata
Bramir de acangaçu
erode estes recessos
por vanidade atormentados
para arvorá-los e entregá-los
à erma foz terral
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5. |
Baféu no Grande Ocaso
07:02
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Desse pardo arcaico senso
assombra-sol regressa
baféu no grande ocaso
desperto e livre amado
Nômade oceano
por instinto habitará
sombras de manada
Viver sem deuses homens
com teu bálsamo feérico
tragado a tanto mito
e sonhos de cobre luz
Pioneiro caminhante
sorva a vida em ventania
que idas juram retorno
e fim sempre lhe achará
olhos a dentro
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6. |
Morrer de Alegria
06:53
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Vauruvã, se hoje um dia se for
pela manhã a noite renascerá
Como se ninguém soubesse
o quão ferina, o quão arbórea
sempre fora a tua memória
que tantas solidões aquece
Amanhã, quando dos rios vier
te carregar aonde tudo se vai
Como amigo de outro tempo
enternecendo a dor, a vida;
Vauruvã, filho desta ida,
tu retornarás ao vento
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7. |
Os Ipês
12:00
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Sob folhas secas,
onde soterrara adormecido,
desperta às primeiras ameaças
de achar o que carece estar perdido –
não teme miséria nem frio
como fazem os insípidos de espírito,
ao contrário, entrega-se,
inda que ermo, ao brio
desse apego tão sadio
pelo insólito, pelo tardio
provindo das densas inspirações,
condutor ao íntimo
do universo labiríntico
pondo em curso caravanas de avejões,
ao passo em que incendeiam
tantas vidas e fortalezas
assombradas ambas por incertezas
e os sôfregos cânticos dos abantesmas -
os trazidos da oligarquia dos mundos
para, unidos, enfim, em nulidade,
dormir também sob folhas secas
no berço de serena eternidade,
tão cara ao rosto dos oriundos
dessa terra onde se embeber de saudade
é amanhecer colhendo as velhas perdas
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